quarta-feira, 4 de maio de 2011

GIORGIA MIAZZO

Quarta-feira, 4 de Maio de 2011 0:58:10NOVO ARTIGO!!! GIORGIA MIAZZO
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http://www.bomdiars.com/colunistas/giorgia-miazzo/italianos-em-campinas-no-estado-de-sao-paulo

aqui vai meu novo artigos!!!


Italianos em Campinas, no estado de São Paulo
A vida é viagem e as viagens da nossa vida nos levam sempre para casa, viajando procuramos nós mesmos, as raízes, a origem...


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giorgiamiazzo@gmail.com

A vida é viagem e as viagens da nossa vida nos levam sempre para casa, viajando procuramos nós mesmos, as raízes, a origem.

Depois de uma parada no Rio de Janeiro, parto para São Paulo. Devo cumprir uma promessa, porque a palavra dada vale mais de mil assinaturas, é a fotografia viva do rosto que promete e se compromete, permanece gravada na mente e carrega em si o cartão de visita que temos, a impressão que damos ao mundo. Prometi que o último sábado de março de 2011, iria à grande festa da família Daolio.

E eis-me aqui em Campinas, cidade paulista, com um milhão de habitantes, um centro pequeno e um pouco apagado. Apresenta, todavia, áreas comerciais importantes e bairros luxuosos isolados e protegidos como aqueles de Alphaville 1 e 2, termo do qual se extraem o grego 'alpha' e o francês 'ville', que parecem querer impor o conceito de 'cidade primeira' em relação as outras zonas. Trata-se de um verdadeiro e próprio município, 1500 famílias e 50.000 habitantes, circundados por muro e arame farpado, telecâmaras e guardas que guardam a zona 24 horas por dia. No interior, tudo leva a uma paisagem de conto de fada, onde um esplêndido laguinho, uma calçada para passear, um clube, uma academia e esplêndidas piscinas, dão importância maior à quotidianidade. Apenas fora, se encontra uma mini estrutura comercial com negócios, dentista, farmácia, supermercado e pizzaria, tornando o local um oásis de paz e bem-estar do qual é difícil sair para confrontar-se com o frenesi da cidade.

Chego na cidade e sou imediatamente atingida por sobrenomes vênetos, os quais, como sempre, fazem as coisas em grande. Saverio Caprioli chegou ao Brasil em 1911 e iniciou a sua atividade de transportes. Mais tarde, o filho Mário continuou no setor e assim por diante pelas outras gerações até ao dia de hoje. A linha conta com mais de mil ônibus, além disso, em 1998, a empresa se uniu também para fundar a Trip, companhia aérea regional que se movimenta na América do Sul e transporta milhões de passageiros.

Os restaurantes são ótimos e para todos os gostos, alguns emplacados Zambon, Fellini, Giovannetti ou com epítetos como Macarronada Italiana e Cantina dos Gattos, mas o melhor é certamente o Bellini, cinco vezes campeão de culinária italiana, local de estética altamente italiana e com uma invejável reserva mundial de vinhos. Um exemplo recente é o Arneg, uma empresa padovana de carrocerias frigoríficas industriais.

Os centros comerciais são de nível. Fascinante o Galleria, pois no seu interior acolhe uma área natural com cascatas, palmas e vegetação variada. Incríveis as dimensões do Parque Dom Pedro, o maior da América Latina, com 8.000 lugares de estacionamento e cinco setores comerciais enormes, subdivididos em alimentação e diversão e assim por diante.

A festa, todavia, se desenvolve em Amparo, um município de 60.000 habitantes há mais de 40 km do Distrito de Campinas. Chegamos cedo, um sábado e assim tenho como viver o lugar em um dia em que a maior parte das pessoas não trabalha. A cidadezinha é acolhedora.
Com a finalidade de salvaguardar e valorizar o patrimônio arquitetônico foi sancionada uma lei que classifica e restaura os povoamentos da época colonial dos fazendeiros. Está em andamento a recuperação das características dos edifícios com o objetivo de restituir-lhe o aspecto original e de restabelecer a instalação urbanística autêntica. As ruas são uma continuação de casas cuidadas e agradáveis, com fachadas de cores variadas e de estilo colonial de tendência portuguesa e italiana. Ao centro da cidadezinha se ergue um belíssimo hospital de estrutura portuguesa, com refinadas molduras brancas que decoram um encantável céu azul. O rosa, o verde, o amarelo e as tonalidades dos vermelhos se refletem em um espelho de pensamentos e de emoções e que me levam à minha amada América Latina.

As pessoas passeiam assustadas, os casaizinhos se dão as mãos, as crianças correm, se divertem e brincam com as mães .... os barzinhos enchem de pessoas, aposentados, trabalhadores em descanso, grupos de homens de idade variada que se reencontram para beber o café e contar as novidades da semana.

É uma terra entre as mais famosas do Brasil pelo café e vale a pena parar para saborear uma boa xícara, passado no coador, expresso ou como se prefere mas com estilo claramente brasileiro. Conheço o Bar do Ponto, centro nevrálgico do município, onde se reencontram quotidianamente os pedaços históricos do lugar, senhores simpáticos e divertidos, que ao me conhecer me contam da descendência deles, me enchem de nomes e sobrenomes, de cidades e municipiozinhos, de perguntas de toda espécie, para saber de onde vêm, quem são, como se pronuncia o nome da localidade relativa a origem deles, me interpelam como se eu fosse a verdade deles, a resposta a tantas questões.

Sinto uma grande, enorme, notável responsabilidade naquelas respostas que estou dando e sou consciente que por quanto eu procure explicar, de fazer compreender, fica aquele destaque, ligado a uma cultura igual, mas muito diferente, que em poucas frases não consegue ser atravessada, facilitada a passagem, aprofundada. No município existem muitos detalhes, o sorriso doe, o gesticular italiano, aqueles olhos profundos e melancólicos, a seriedade e a honra em considerar a vida, a dignidade, junto à vontade de se divertir juntos, e existe aquele vínculo de amizade, de amor, a importância para as relações humanas, que valem tanto, traduzível naquele ser especiais com os outros. E finalmente me reencontro na Itália, no meu Brasil, aquele pelo qual estou aqui, que me turba pelos valores e o sentido da vida e ainda uma vez, depois de milhares de quilômetros feitos em avião, trens, ônibus, carros, voltei para cada. Me dou conta que a intimidade intrínsica do homem não tem nada a ver com os muros de um edifício, mas com aquele senso de paz e de vida que se percebe nos lugares familiares.

A festa é daqui a pouco, e de fato, ainda imersa naquela conversa, me reencontro já envolta pelas bandeiras italianas, em uma sala que comemora e honra a mia pequena grande terra. Uma acolhida de abraços e beijos, música italiana ao fundo, encoberta pelos vozeirõs que falam um pouco gritando, um banquinho de antipastos tricolores e uma grande panela onde está já fervendo a polenta. É o tripúdio dos primeiros, desde os “cappelletti in brodo” às “tagliatelle”, dos “gnocchi com molho” aos “cannelloni” e depois frango em húmido e molho de tomate. Tudo isto, também isto, é Brasil. Uma centena de pessoas estão em movimento e eu sou a hóspede especial e mesmo não me sentindo digna daquela homenagem, vivo com muita alegria o bem-vindo gentil, delicado, forte, sentido. Comemos, cantamos, falamos e falamos. Expõem um pedaço de papelão com as fotos dos primeiros que chegaram ao local e esta serve para fazer de fundo a foto de toda a descendência da família. Além disso, cada ano, é preparado um jarro de cerveja com o logótipo do cognome e uma foto da pessoa homenageada do ano, em tal caso, o único tio que ficou. Em suma, uma verdadeira homenagem ao povo italiano!

Tudo transcorre e se conclui muito veloz e aquele afeito italiano, se esvai, aparece o silêncio, tornam as reflexões. Me pergunto como é possível que as dezenas de anos, os milhares de quilômetros, o transcorrer natural da vida, não tenha conseguido fazer esquecer, ou ao menos dissipar a paixão pela terra dos próprios descendentes. Aquela forma de respeito máximo, a delicadeza nos particulares, a profundidade dos sentimentos, me deixaram atônita, me fazem tornar com a mente ao meu país, agora em grande crise de identidade, que nós mesmos somos os primeiros em considerar errado, insultando-o, sem piedade, denegrindo-o com rapidez. Estas sensações fazem mal, mas servem, para tomar pé da situação e olhar de longe um quadro maravilhoso que, quando se aproxima demais, perde a importância, cria confusão, de quanto é denso, rico, contraditório e desesperadamente maravilhoso.




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dott.ssa
Giorgia Miazzo
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