Enio Mainardi
O CORREDOR DA MORTE
Vamos andando pela vida e as preocupações do cotidiano obliteram o que teimamos em não enxergar. Mas sabemos, ainda que inconscientemente, quando chega uma ou outra carta registrada avisando que nosso tempo está quase terminando. O Natal é assim, uma data melancólica. Cada Aniversário, com sua cantoria de happy birthday, um aviso prévio. Ano Novo e os sinos tocam por você, Hemingway, acho. E agora temos uma nova data: as eleições. Talvez nunca, em minha vida, tive uma sensação tão deprimente como agora nas eleições. Todos nós dependemos de todos. Por mais que façamos, somos ninguém frente à massa manobrável dos alienados ou oportunistas que vão para onde a demagogia manda ir. E, pior, eles nos levam consigo. Nosso futuro é incerto com nuvens acinzentadas correndo no céu, como num presságio. Que fazer? Nossas perspectivas são iguais às de um condenado no corredor da morte. Ou a de alguém esperando os exames de laboratório que dirão a gravidade da doença. Já passei por isso, conheço essa sensação. E não adianta se arrepender por não ter parado de fumar à tempo. De ter-se deixado tomar por vaidades e arrogâncias que parece agora não fazem mais sentido. O povo alemão, os judeus principalmente, devem ter percebido isso, a sombra do nazismo se alongando por cima da nação alemã, ao serem ouvidas as arengas gritadas por Hitler em comícios-monstro. Os Jardins de Finzi e Contini abrem os arquivos daquelas épocas turvas, das pestilências que vinham dos esgotos do submundo do jogo político, das corporações que acertavam seus relógios para
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