sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Sopa de Pedra


Para o PT, o fundamental é manter o cozinheiro empregado (Reprodução/Internet) Na cozinha do PT
Receita da sopa de pedra econômica
Economista revela os segredos da gestão petista e os motivos por trás da nossa má-digestão
por Paulo Gurgel Valente*

17 de janeiro, 2014

fonte | A A A Pega-se uma pedra bem polida e limpa e coloca-se em água bem turva para ferver, de preferência tirada de um poço do século XIX, saturada de ideologias ultrapassadas, sem filtrar.

Adicione queda de taxas de juros irresponsável, que combina bem com excessos de crédito ao consumidor e repasses ao BNDES, muito além da conta. Deixe a reforma da carga tributária em banho-maria, refogue 39 ministros escolhidos pelo critério partidário sem competência, não esquecendo os jatinhos da FAB para viagens particulares e ministros do STF eleitos pelas conveniências do executivo; prove o sal e coloque um aumento de IOF. Não esquecer que o caldo requer, em qualquer condição, lulas com sua própria tinta. Atenção, pois é necessária muita criatividade contábil, senão fica um péssimo gosto de maquiagem para mostrar que as contas públicas estão sob controle.

Aqueça o consumo, até quase o ponto de ebulição, baixando o IPI, principalmente de veículos que tornam as cidades intransitáveis por falta de investimento em infraestrutura, juntando várias colheradas de crédito fácil. Acrescente um balde de intervenção governamental, para que os empresários fiquem embriagados e não saibam que direção tomar; uma pitadinha, a gosto, de tarifas de ônibus ou de energia congeladas, tudo para extrair o sabor de inflação velha, nada agradável, mas que no médio prazo estoura o equilíbrio dos mercados e faz transbordar a panela.

Essencial é juntar um dólar excessivamente controlado, para segurar artificialmente os preços dos produtos importados, se não fica avinagrado, e em consequência pode causar a fuga de turistas gastando no exterior e uma balança comercial negativa. Enquanto se mexe com a colher de pau, vá falando com os convidados que a sopa está deliciosa, é preciso manter a opinião pública acreditando e com fome.

Não faça nenhuma mudança estrutural que venha a equilibrar o caldo; tome cuidado para não esquecer a panela no fogo, pois há risco de explosão e revoltas populares. Deixe em paz a previdência, estimule as transferências tipo Bolsa Família sem compromissos, para garantir que os convidados da festa gostem e não votem em outro cozinheiro: eleição é coisa que não se perde, queremos o mesmo regime até 2020. Trata-se de uma dieta que não faz bem para quem ingere os alimentos prescritos, mas o que conta é a satisfação do cozinheiro.

Adie convocar qualquer licitação pública para melhorar aeroportos, estradas e, para a produção de petróleo, mantenha a empresa estatal sempre boiando por cima. Atraia para sua cozinha os vizinhos mais nefastos com governos ditatoriais e restrições aos direitos humanos: é sempre bom importar médicos pois os comensais podem precisar de ajuda. Se não faz bem aos pacientes, é ótimo para os médicos e seu país de origem.

Finalmente não troque a receita de nenhuma maneira, mesmo que esteja dando muito errado, o fundamental é manter o cozinheiro empregado. Assim, tem-se uma bela sopa ao final desta receita. Quando estiver pronta, jogue tudo pelo ralo, tire a pedra, sente-se nela e comece a chorar.

*Economista da Profit Projetos e Consultoria e parceiro do Opinião e Notícia




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