EXCELENTE PARECER!
O Grito da Juíza! Bolsa Família ou Voto de
Cabresto?
SEJAMOS DIGNOS E REALISTAS: VAMOS
FAZER UMA CAMPANHA PARA COMEÇAR A MORALIZAR E FAZER PROGREDIR DE FATO E PARA
VALER ESSA JOÇA DE PAÍS EM QUE VIVEMOS
JUIZA DE CAJAZEIRAS É CONTRA O
‘BOLSA-FAMÍLIA’ E DIZ POR QUÊ!
Apenas a título de esclarecimento, aos que respeitam opiniões
contrárias, e apenas a esses, é que escrevo agora. Fui alvo de críticas e
agressões acerca de minha opinião avessa ao ‘Bolsa-Família, programa criado
pelo Governo Federal há 10 anos. Grande parte optou por uma justificativa
simplista:
- “Ah, ela é
rica, juíza, elite, fala porque nunca passou necessidades, nunca passou
fome...”. Pronto! Essa justificativa encerra a questão e resolve o problema.
É uma idiotia de quem nada sabe sobre a vida
Apenas a título de informação saibam que não sou rica, nunca fui e nunca serei. Meu salário é bom, e com ele, se Deus quiser, nunca passarei fome nem necessidade, mas lutei por ele; e como lutei! Sofri, estudei, trabalhei e lutei, repita-se. Mas isso é outra estória que em outro momento, se interessar a alguém, posso contar.
Contudo, existem outros motivos que levam as pessoas a formarem suas
opiniões que não necessariamente as suas condições financeiras. Nunca passei
fome, graças a Deus, graças ao trabalho de meus pais, mas, da mesma forma que
nunca faltou, também nunca sobrou.
Trabalho
desde os 18 anos de idade, quando me submeti a concurso público e fui ser
funcionária pública, trabalhar oito horas diárias e ganhar menos do que um salário
mínimo, apesar da Constituição Federal já vedar tal conduta. Mas como já
disse, isso é outra estória.
O final de semana que passou retrata exatamente um dos fatores que me
levam a formar a opinião que tenho. Um simples “boato” de que o
‘Bolsa-Família’ iria acabar, foi suficiente para causar um caos em várias
agências da Caixa Econômica Federal. Uma pessoa me disse que teve que
pedir dinheiro emprestado para sair do seu
sítio para receber o ‘bolsa-família’, “antes que acabasse”...
A pergunta é: de
que viveriam essas pessoas, se o ‘bolsa-família acabasse? A minha resposta: passariam ainda mais fome do que tinham quando
começaram a recebê-lo. E sabem por quê? Porque agora, com
a certeza do “benefício”, do óbolo, elas não se propõem mais a trabalhar, ou
a estudar e se profissionalizar. Enfim. Estão escravizados à merreca que
recebem, como qualquer dependente químico da droga que consomem.
É a isso que me oponho.
Quando esse
“programa social” foi implantado a situação das pessoas era caótica,
lastimável. Hoje elas estão sendo tratadas como inúteis, como
incapazes. A partir do momento
em que se implanta um ‘programa assistencialista’ como esse, sem uma política
paralela de reestruturação, de capacitação para o restabelecimento de
condições de trabalho, de autossustento, enfim, de busca por uma atividade
que traga um mínimo de independência como contrapartida pela ajuda oferecida
pelo estado, ou esse estado passa a considerar essas pessoas como não tendo
capacidade alguma para tal ou, simplesmente, não se está querendo ajudar, mas
tão somente escravizar, ou seja, obter delas a única coisa de valor que têm a
oferecer: o seu voto – e a preço módico. É no que acredito.
A ONU, embora, por um lado, elogie o programa, por outro critica o
assistencialismo populista e demagógico com o consequente apelo político que
ele gera. Segundo essa organização internacional, o ‘bolsa-família’ – que
antes era chamado de ‘bolsa-escola’ e exigia a contrapartida das crianças e
adultos analfabetos estarem cursando o ensino fundamental – rendeu muita
popularidade e votos, mas as DESIGUALDADES continuam elevadas e os progressos
obtidos são pífios.
Como programa de
caráter EMERGENCIAL, o ‘Bolsa-Família’ foi importante, mas onde está a tão
decantada “inclusão socioeconômica” sustentável dos seus beneficiários?
O saudoso Luiz
Gonzaga já dizia em uma de suas canções, de composição com Zé Dantas:
– “Seu Doutor, uma esmola para o homem que é são, ou lhe mata de
vergonha ou vicia o cidadão...”.
É nisso que
acredito desde muito antes de me tornar Juíza.
A Coordenadora do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil afirmou que, da forma que o programa funciona, não tem sido útil para ela identificar e retirar as crianças do trabalho e que esse programa não tem impacto nenhum na redução do trabalho infantil.
Vejam a
entrevista de Frei Beto (que não é juiz, mas apenas um ex-clérigo e
doutrinador comunista), um dos líderes do ‘Fome Zero’ – outro programa
assistencialista caça-votos – e me digam o que acham.
O programa existe há dez anos e pouquíssimo foi mudado na vida dessas
pessoas. O que foi feito de efetivo para reestruturar essas famílias?
Visitem
as casas dessas pessoas e me digam o quanto mudou! Enquanto apresentam
índices de redução de evasão escolar, em razão do que era o ‘Bolsa-Escola’,
os adolescentes que passam hoje pela Vara que ocupo não sabem a data de seus
nascimentos, não sabem o seu nome completo, não sabem o nome de seus pais e,
pasmem, não tem a menor ideia de seus endereços. Que noção de civilidade
esses meninos tem? Esses mesmos meninos que agora estão querendo jogar na
prisão!?!
Quem ou o QUÊ
vai dar essa noção de civilidade, se um programa SÉRIO de educação,
capacitação, dignificação das pessoas não começar a ser ativado imediatamente?
O ‘bolsa-família não dignifica. Escraviza. Vicia no ócio. É o que
acho.
As pessoas se tornam escravas da vontade política e não formadoras
dessa vontade. E isso para mim é um FAZ-de-CONTA, sim!
Não disse que a Presidente é uma faz-de-conta. Disse que o Brasil é um País de faz-de-conta.
Defender a
redução da maioridade penal é um exemplo disso. Defender a pena de morte
também. Fazem de conta que isso vai resolver a criminalidade, mas não vai.
Da mesma forma
que fazem de conta que cumprem o ECA, que existe há mais de vinte anos, não o
cumprem. Nunca o cumpriram.
Como eu posso cobrar algo de alguém a quem eu nunca dei a chance que
produzisse esse algo? As pessoas não podem viver de esmolas. Precisam
aprender a andar com as próprias pernas e precisam saber que isso é da
responsabilidade delas também.
É dever dos
Governos Federal, Estadual e Municipal prover as condições de escolaridade
que dê aos cidadãos a capacidade mínima de escolher seus meios de vida e seus
dirigentes e representantes sem que isso dependa de uma esmola sine qua non e
que as pessoas possam seguir com suas vidas na dignidade que cada profissão
oferece, porque todas elas a têm.
Vejo mulheres jovens
e saudáveis pedindo dinheiro nas ruas. Cada uma com seus três ou quatro
filhos. Mas nenhuma pede um emprego. Por quê?
Os senhores tem ideia de quantos cartões desse programa estão nas
famosas “bocas de fumo”?
Vejo homens jovens e saudáveis nas portas dos bares ou papeando nas
esquinas em pleno dia da semana. Porque não estão trabalhando?
Qual o trabalho que as políticas públicas oferecem ou a simples, mas
fundamental capacitação para eles?
É certo que
existem alguns programas profissionalizantes. Mas são tímidos, limitados, e
não recebem a milésima parte do investimento que o programa de “caridade”
gasta, com essa barganha evidente to “toma lá e dá cá o
seu voto”.
Ao quê isso vai
nos levar, senhores? Ao quê nos levou até agora? Como estão essas pessoas?
Sem fome? Tem certeza que R$ 130,00 (cento e trinta reais) realmente mata
essa fome? Piada de humor negro...
Não sou contra partido político algum. Sou contra políticas públicas
inúteis, mal intencionadas e danosas ao futuro da nossa gente e nação. Sou e
serei sempre.
É a minha
opinião senhores.
Respeitem-na.
Discordem dela, mas a respeitem. E não sejam tão simplistas assim. As coisas
não são simples e não podem ser “explicadas” dessa forma populista e
demagógica como tem sido a prática dos governos na última década,
principalmente por quem não me conhece.
O homem precisa
ser dignificado e não escravizado ou comprado por aparentes favores de seus
governantes. As pessoas continuam sofrendo com a seca... Absolutamente TODAS
AS PESSOAS, TODOS OS ANOS, HÁ DÉCADAS. E o que foi feito da política de
irrigação, da política que permaneça que se perpetue e que de fato transforme
a vida do sertanejo do nordeste, onde – todo mundo sabe, menos o governo – a
água está no subsolo e não na superfície?
É contra isso que sou. Sou nordestina com muito orgulho e me sinto
humilhada com notícias tais como as divulgadas no Jornal Nacional mostrando
pessoas “famintas” na porta do Banco para receberem suas migalhas
governamentais.
Não precisamos
disso. Somos inteligentes e capazes. Temos força e vontade de trabalhar. Só
precisamos de oportunidades e onde elas estão? Onde está a água das chuvas do
ano passado?
Bem. Não sei se
melhorei muito a situação. Mas, se piorei, não foi essa a minha intenção.
Precisava apenas explicar os meus motivos.
Aos que me
criticaram com decência, fico com as críticas para refletir sobre elas na
construção de minhas opiniões futuras
Aos que apenas me agrediram gratuitamente, fico com a dor que me causaram e com o consolo de que o tempo cura quase tudo. Aos que perderam alguns minutos de suas vidas para lerem essa minha resposta, agradeço a atenção.
A todos,
reafirmo: esta é a minha opinião. Não a de uma Juíza, mas a de uma mulher que quer muito mais do que ESMOLAS para o cidadão
brasileiro e, principalmente, para os jovens adolescentes.
Que Deus esteja
conosco!
Cajazeiras – PB, Adriana Lins de Oliveira Bezerra
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sábado, 15 de novembro de 2014
EXCELENTE PARECER
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