sexta-feira, 15 de abril de 2016

APÓS O IMPEDIMENTO


APÓS O IMPEACHMENT

Degola política é só o começo do caos

Para o jornalista Thomas Traumann, porta voz de Dilma até 2015, a presidente será afastada, mas a paralisia política deve se prolongar para além de maio

Degola política é só o começo do caos
Thomas Traumann, ex-porta-voz da presidente Dilma, não esconde seu pessimismo quanto aos próximos meses da crise no Brasil (Foto: Agência Brasil)

O ex-porta-voz da presidente Dilma Rousseff até 2015 e ex-ministro da secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, o jornalista Thomas Traumann, acredita que não há mais como o governo evitar o impeachment. Mas o afastamento de Dilma não vai acontecer do dia para a noite, podendo demorar pelo menos mais um mês. Após a votação do impeachment na Câmara neste domingo, 17, o Senado deve analisar o pedido de abertura do processo em 11 de maio. Caso aprovado, só então Dilma será afastada até o final da votação no Senado.
Em entrevista concedida nesta quinta-feira, 14, ao jornalista Brian Winter, editor chefe da revista America’s Quarterly, Traumann contou que o governo teve o controle da situação até o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mudar de posição na semana passada e recomendar ao Supremo Tribunal Federal a anulação da nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil.
Traumann diz que Lula, que mantém enorme credibilidade no Congresso, já estava negociando para renovar o governo e construir uma nova coalizão capaz de bloquear o impeachment. Além disso, protestos de rua a favor do governo haviam mostrado que pelo menos um terço dos brasileiros tem dúvidas sobre a legalidade do processo.
“A mudança de posição de Rodrigo Janot convenceu a maioria das pessoas que Lula provavelmente não se tornará ministro e levou ao desembarque de partidos aliados do governo”, diz Traumann.
Embora a situação política possa mudar rapidamente, nas atuais circunstâncias, Traumann não tem dúvidas de que o impeachment será aprovado no Congresso. “Se formos honestos e olharmos a situação atual, o que vemos é uma onda de impeachment e há uma maioria no Congresso capaz de aprová-la”.
Dilma, no entanto, pretende continuar a lutar até o último momento, diz o jornalista, porque ela se vê como vítima de um golpe e acredita que sua saída seria em função de suas qualidade e não de seus defeitos.
“Veremos um período muito estranho no Brasil, com uma presidente quase afastada e um possível presidente sem o poder para fazer nada. As pessoas estão dizendo agora que o país parou. Bom, as coisas vão ficar muito pior nas próximas semanas porque ninguém vai poder decidir nada, uma vez que as autoridades podem perder seus cargos a partir de maio. O Brasil vai perder um mês de decisões (…) O Brasil está numa situação quase catastrófica”.

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