terça-feira, 19 de julho de 2016

POESIAS DO PRESIDENTE


INSPIRANDO HUMORISTAS

As poesias de Michel Temer

Vertente poética de Michel Temer desperta a curiosidade do público, enquanto humoristas fazem dela uma inesgotável fonte de piadas
19 jul, 2016
As poesias de Michel Temer
Temer diz se inspirar em poetas do romantismo do século XIX, como Álvares de Azevedo (Foto: EBC)

Em 2013, o presidente interino Michel Temer publicou seu primeiro livro de poesias. Intitulado “Intimidade Anônima”, ele reúne uma série de reflexões anotadas por Temer, muitas feitas em guardanapos enquanto ele aguardava seu voo em salas de espera de aeroportos.
Temer não é uma figura muito popular. Comparado por rivais a um “vilão de filme de terror”, ele chama a atenção pelo perfil cerimonioso. Essa imagem comedida e regrada vai contra a imagem ardente e imprevisível que as pessoas costumam ter de poetas, o que desperta curiosidade em relação a esse lado de Temer. E essa curiosidade ganhou novo fôlego após ele se tornar presidente interino.
Temer, que diz se inspirar em poetas do romantismo do século XIX, como Álvares de Azevedo, aborda temas diversos em suas poesias. Ele já escreveu sobre o orgulho de um jovem advogado ao ganhar o primeiro caso e sobre o fim das cartas escritas a mão na era das mensagens de texto. Um de suas poesias, “Vermelho”, reflete a paixão ardente que ele, aos 75 anos, sente por sua esposa, Marcela Temer, que é 43 anos mais nova:
“De vermelho. Flamejante. Labaredas de fogo. Olhos brilhantes. Que sorriem. Com lábios rubros. Incêndios. Tomam conta de mim. Minha mente. Minha alma. Tudo meu. Em brasas. Meu corpo. Incendiado. Consumido. Dissolvido. Finalmente. Restam cinzas. Que espalho na cama. Para dormir”.
As poesias de Temer se tornaram sensação entre humoristas brasileiros e comentaristas políticos. Paródias de suas obras se alastram pela internet, um sinal de que a sátira no país acompanha o ritmo frenético da turbulência
“Os poemas de Temer são uma piada e tanto. Essa pequena diversão torna as coisas mais suportáveis”, diz Daniel Ramos, um engenheiro que criou uma conta no Twitter chamada “Temer Poeta” para debochar dos poemas de Temer.
A inspiração de Temer para buscar uma carreira tardia no ramo da poesia não é nova. Há um precedente de políticos brasileiros com produções literárias. A Academia Brasileira de Letras, por exemplo, conta com várias figuras políticas entre seus imortais. Entre elas, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Getúlio Vargas.
Amigos próximos de Temer elogiam sua criação literária. Um deles é o cientista político Gaudêncio Torquato, amigo e conselheiro do presidente interino. “Eu tive o privilégio de ler essa obra [“Intimidade Anônima”] quando ela ainda era um monte de escritos”. Torquato descreve as poesias de Temer como “autênticas, concisas e repletas de observações apuradas”.
O gosto de Temer pela concisão em suas poesias por vezes é alvo de piada. Foi o que aconteceu em “Radicalismo”, por exemplo. A poesia se resume a apenas um frase: “Não, nunca mais”. Humoristas do site satírico Sensacionalista chegaram a questionar se ela tinha sido escrita pelo filho de sete anos do presidente interino.
Temer diz não se incomodar com as críticas à sua obra. Um comunicado emitido pelo seu gabinete disse que o presidente interino está aberto a críticas. “Em um país democrático, tais críticas são recebidas com naturalidade”, diz a nota.
Apesar disso, Temer já se mostrou ofendido com as críticas em algumas ocasiões. Uma delas foi quando o antropólogo Roberto DaMatta criticou o livro “Intimidade Anônima”. Temer ficou tão ofendido que enviou a DaMatta uma cópia de seu livro e uma carta questionando se a crítica não foi influenciada por diferenças políticas. “Duvido que V.S. seja daqueles que desestimulam os ‘calouros’ que se atrevem a impulsionar pelas letras sentimentais”, diz a carta.

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