terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A queda da Dilma

A
Dilma, no buraco

Aldemir Bendine foi o que de melhor Dilma arrumou para confiar a Petrobras em momento de tanto descrédito, ali onde andou buscando

por Percival Puggina*

10 de fevereiro, 2015


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A presidente Dilma conduz o governo como um caminhão na RS 306. Sai de um buraco para entrar noutro. Em meio ao frenesi desencadeado pela pilhagem da Petrobras, nossa presidente decidiu, enfim, trocar a diretoria da empresa. Ou ela concluiu sozinha que as coisas não iam bem por lá, ou alguém lhe contou. Não sei exatamente o que aconteceu. Em todo caso, a presidente determinou a substituição de comando.
Tirou o pé de um buraco, como acontece na RS 306, e caiu noutro. Precisava encontrar a pessoa certa para ocupar a poltrona de dona Graça Foster. Exigências óbvias, naturais e corriqueiras, pelas razões que você, leitor, sabe tão bem quanto eu: 1) devia ser alguém do partido e, 2) alguém acima de qualquer suspeita. Mas o problema era exatamente esse. Onde achar alguém acima de qualquer suspeita buscando onde ela buscava? Busca aqui, pé no buraco; busca ali, pé noutro buraco. Consulta aqui, consulta ali, buraco, buraco, buraco.
Por fim, buraco por buraco, ficou com o que de melhor encontrou. Buraco, claro. Mas foi, devo conceder isso à presidente, o que de melhor ela arrumou para confiar a Petrobras em momento de tanto descrédito, ali onde andou buscando. Para enfrentar o descrédito, nada melhor do que o presidente de uma instituição de crédito – o poderoso Banco do Brasil.
O senhor Aldemir Bendine era da casa. Fez a vida dentro do partido. Escalou degrau a degrau sua carreira funcional nessa escola de serviço à pátria que é o Partido dos Trabalhadores. Subiu, subiu, e já estava presidindo o banco. Nessa função, soube-se em seguida, exibiu as versatilidades biográficas que a imprensa nacional vem divulgando.
Fiquemos com o que parece mais evidente. Segundo uma série de denúncias, ele tinha o hábito de efetuar pagamentos em dinheiro, inclusive em valores vultosos como na aquisição de um apartamento no interior paulista por R$ 150 mil, cash. Parece que o presidente do BB não acreditava muito em conta bancária. No ano passado, o fisco foi atrás dele por não haver declarado a procedência de R$ 280 mil reais incluídos em sua declaração de rendimentos. Pagou multa de R$ 122 mil. Em julho de 2014 foi aberta uma investigação contra ele por lavagem de dinheiro. Coisa de gente asseada, nada de mais.
Buraco? Buraco, claro. Mas foi o que de melhor Dilma encontrou, puxa vida! Queriam o quê? Que ela fabricasse alguém com ficha limpa?



* Percival Puggina é arquiteto, escritor e titular do site www

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