O roubo do cofre de Ademar de Barros"o maior golpe da história do terrorismo do passado nacional "

“A Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) foi uma organização de guerrilha política brasileira, de extrema esquerda, que combateu o regime militar de 1964, visando à instauração de um regime de governo COMUNISTA,de inspiração soviética, neste país. Surgiu em julho de 1969, como resultado da fusão do Comando de Libertação Nacional (Colina) com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) de Carlos Lamarca.”
Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática

A VAR-Palmares teria também planejado em 1969 o sequestro de Delfim Neto, símbolo do milagre econômico e à época o civil mais poderoso do governo federal. O suposto sequestro, que deveria ocorrer em dezembro daquele ano “

 “Em 5 de fevereiro de 1972 militantes da VAR-Palmares, ALN e do PCBR assassinaram a tiros o marinheiro inglês David Cuthberg, que se encontrava no país juntamente com uma força-tarefa da Marinha Britânica para as comemorações dos 150 anos de independência do Brasil. Após o atentado foram arremessados dentro do táxi onde ele se encontrava panfletos que informavam que o ato teria sido decisão de um "tribunal", como forma de solidariedade à luta do Exército Republicano Irlandês contra o domínio inglês”

“Em 13 de abril de 2011, após três décadas de sigilo, o Arquivo Nacional tornou público um documento da Aeronáutica que revela que a organização guerrilheira VAR-Palmares -- da qual fez parte a atual presidente Dilma Rousseff -- determinou o "justiçamento", ou seja, o assassinato de oficiais do Exército e de agentes de outras forças tidas como reacionárias, nos anos da ditadura militar.”

O assalto ao cofre ocorreu na tarde de 18 de julho de 1969, no Rio de Janeiro. Até então, fora "o maior golpe da história do terrorismo mundial", segundo informa o jornalista Elio Gaspari em seu livro A Ditadura Escancarada. Naquela tarde, a bordo de três veículos, um grupo formado por onze homens e duas mulheres, todos da VAR-Palmares, chegou à mansão do irmão de Ana Capriglioni, amante do governador, no bairro de Santa Teresa, no Rio. Quatro guerrilheiros ficaram em frente à casa. Nove entraram, renderam os empregados, cortaram as duas linhas telefônicas e dividiram-se: um grupo ficou vigiando os empregados e outro subiu ao quarto para chegar ao cofre. Pesava 350 quilos. Devia deslizar sobre uma prancha de madeira pela escadaria de mármore, mas acabou rolando escada abaixo. A ação durou 28 minutos e foi coordenada por Dilma Rousseff e Carlos Franklin Paixão de Araújo, que então comandava a guerrilha urbana da VAR-Palmares em todo o país e mais tarde se tornaria pai da única filha de Dilma. O casal planejou, monitorou e coordenou o assalto ao cofre de Adhemar de Barros. Dilma, no entanto, não teve participação física na ação. "Se tivesse tido, não teria nenhum problema em admitir", diz a ministra, com orgulho de seu passado de combatente.
"A Dilma era tão importante que não podia ir para a linha de frente. Ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização. Era o cérebro da ação", diz o ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues, que adotava o codinome "Leo" e, em outra ação espetacular, ajudou o capitão Carlos Lamarca a roubar uma Kombi carregada de fuzis de dentro de um quartel do Exército, em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. "Quem passava as orientações do comando nacional para a gente era ela." O ex-sargento conta que uma das funções de Dilma era indicar o tipo de armamento que deveria ser usado nas ações e informar onde poderia ser roubado. Só em 1969, ela organizou três ações de roubo de armas em unidades do Exército, no Rio. Quando foi presa, em janeiro de 1970, o promotor militar que preparou a acusação classificou-a com epítetos superlativos: "Joana D'Arc da guerrilha" e "papisa da subversão". Dilma passou três anos encarcerada em São Paulo e foi submetida aos suplícios da tortura.
era tão temida que o Exército chegou a ordenar a transferência de um guerrilheiro preso em Belo Horizonte, o estudante Ângelo Pezzuti, temendo que Dilma conseguisse montar uma ação armada de invasão da prisão e libertação do companheiro. Durante o famoso encontro da cúpula da VAR-Palmares realizado em setembro de 1969, em Teresópolis, região serrana do Rio, Dilma Rousseff polemizou duramente com Carlos Lamarca, o maior mito da esquerda guerrilheira. Lamarca queria intensificar as ações de guerrilha rural, e Dilma achava que as operações armadas deveriam ser abrandadas, priorizando a mobilização de massas nas grandes cidades. Do encontro, produziu-se um racha. Dos 37 presentes, apenas sete acompanharam Lamarca. Ficaram com boa parte das armas da VAR-Palmares e metade da fortuna do cofre de Adhemar de Barros. Os demais concordaram com a posição de Dilma Rousseff.
A divergência com Carlos Lamarca não impediu Dilma de manter uma sólida amizade com a guerrilheira Iara Iavelberg, musa da esquerda nos anos 60, com quem o capitão manteve um tórrido e tumultuado romance. Dilma chegou a hospedá-la em seu apartamento, no Rio. Juntas, iam à praia, falavam de cinema, tornaram-se confidentes. Nos três anos que passou na cadeia, seu nome chegou a aparecer em listas de guerrilheiros a ser soltos em troca da libertação de autoridades seqüestradas .
Quarenta anos após o roubo por guerrilheiros de um cofre que fora do ex-governador Adhemar de Barros com cerca de US$ 2,4 milhões, a ex-militante Maria do Carmo Brito revela que aproximadamente US$ 1 milhão foi devolvido à guerrilha na Argélia sob aval político de Miguel Arraes. Segundo ela, o governador de Pernambuco, então exilado em Argel, garantiu com o depositário da quantia, o embaixador argelino no Brasil, Hafid Keramane, que poderia repassar o controle do dinheiro a Ângelo Pezzutti, integrante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). De Pezzutti, o número da conta em um banco suíço foi, por ordem do ex-capitão Carlos Lamarca, entregue ao ex-sargento Onofre Pinto, que se deslocou de Cuba para a missão.
"Eu queria me livrar daquilo, sofri muito", conta Maria do Carmo, uma socióloga e funcionária pública de 66 anos que diz não saber o nome do banco onde o dinheiro estava nem a quantia exata e, pela primeira vez em quatro décadas, revela seu destino. Ela avalia que Pinto, integrante da lista oficial de desaparecidos políticos, tinha alguém para operar a conta na Suíça. Pezzutti morreu em acidente de moto em Paris, em 1975. O assalto, que fez 40 anos ontem, foi cometido por um comando integrado pelo atual ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e ligado a uma organização à qual pertencia a hoje ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff - a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).
Arraes, que morreu em 2005, não teve acesso ao dinheiro, afirma Maria do Carmo, mas assumiu, com Keramane, um aval que ela chama de "curadoria". Foi a partir do grupo de Arraes que o embaixador fizera contato com Maria do Carmo, que usava o codinome de Lia, e seu primeiro marido, Juares Guimarães de Brito, também da VPR, conhecido como Juvenal e planejador da ação. Depois do assalto, com dificuldades para esconder a quantia roubada, os dois levaram para o diplomata guardar a parte que a organização não utilizaria imediatamente.
Em 18 de abril de 1970, durante cerco de agentes no Rio, Juares deu um tiro no ouvido e sua mulher foi presa. Rompeu-se assim o contato com o embaixador.
"O que Arraes fez foi dizer: essa pessoa é séria, pode passar (o dinheiro)", relata. O governador, porém, não foi ao encontro em que Keramane entregou o número da conta na Suíça a Pezzutti, do qual Maria do Carmo também participou. Ele deixara o Brasil em 16 de junho de1965.
DOCUMENTO
Maria do Carmo deu entrevista depois de ler cópia de documento localizado pelo Estado no Arquivo Nacional. A Informação nº 4322 S/102-1-CIE, do Centro de Informações do Exército, transcreve um suposto resumo de suas declarações em 3 de maio de 1970 na Operação Bandeirantes, centro de torturas da ditadura em São Paulo. Nele, a ativista disse reconhecer, por foto, Keramane como o homem a quem Juares entregara US$ 1 milhão para guardar. Quando, depois, o comandante do roubo do cofre pediu o dinheiro de volta, o diplomata, segundo o depoimento, disse que ele se reduzira a US$ 900 mil e estava em vários locais, sendo necessário tempo para reuni-lo. A depoente afirmou aos agentes não saber se Juares conseguira reaver a quantia.
"É claro que eu conhecia o nome do Keramane, mas disse que só sabia que era um homem gordo da embaixada e o reconheci por foto", conta ela. Veterano da guerra de independência com a França, o diplomata era conhecido como autor do livro La Pacification, no qual relatou as torturas de franceses contra argelinos durante o conflito. Não foi possível localizá-lo. No depoimento, a ex-guerrilheira, que ao ser presa usava o nome falso de Gilda Helena Dias, teria dito que ela e o marido conheceram Keramane por meio de um amigo de Juares, que não identificou.
Em julho de 1969, após o roubo, a VAR-P tinha dificuldades para guardar o dinheiro roubado. Os US$ 2,4 milhões estavam com um militante, identificado como Chico. Então, o casal teria decidido dividir a quantia pela organização e deixar parte com Keramane.
O que seria hoje em dia o equivalente a bilhões .