BEM-VINDO JESUS
Wilson Cesca
Ao rememorar a primeira vinda de Jesus, com imensa alegria,
renasce para todos a esperança enraizada na Palavra de Deus. O Verbo se fez
carne e habita entre nós. A Luz extinguiu as trevas, perdoou os pecados e
revelou a sua intimidade com o Pai e tornou a todos os seus filhos. Como lembra
João, o Pai nos deu um grande presente de amor: sermos chamados filhos de Deus!
E nós o somos! (1Jo 3,1). Leão Magno exortava: ”Cristão, reconhece a tua
dignidade! Somos importantes porque Deus nos ama e nos elevou a uma altura que
jamais poderíamos imaginar nem conquistar.” O Filho do Homem veio buscar e
salvar o que estava perdido (Lc 19,10).
Com efeito, a sua chegada abre a possibilidade para que nos
tornemos puros e santos. Ele é o Senhor que purifica e faz viver aquele que confia
nele, como fez ao curar o leproso, reintroduzindo-o no convívio social, o que
equivale a devolver-lhe a vida (Mc 1,40-43). João esclarece o significado de
ser cândido: “Todo o que espera nele purifica-se, como também ele é puro” (1Jo
3,3).
De fato, Jesus pode transformar a vida daquele que o busca.
Contudo, essa adesão sem condições exige conversão e renúncias. Para tornar-se
seu amigo é necessário fazer uma opção firme: afastar-se daquilo que se torna
empecilho para o seu seguimento, mesmo que se trate de familiares (Lc 14,
25-26). Porém, isso não importa desprezar a quem se ama, ao contrário, o amor
ao próximo deve estar em consonância com o amor a Deus. Um não viceja sem o
outro, “Se alguém disser: “Amo a Deus”
mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama o seu irmão, a quem
vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4, 20).
É imperioso, ainda, tomar e carregar
a cruz diária e renunciar à própria vida (Mt 10,38; Mc 8,34; Lc 9,23). A conversão
a Jesus significa que se está sujeito à perseguições, escárnios e exclusões.
Por isso, é imprescindível vigiar e rezar para não cair em tentação.
Acompanhar Jesus constitui ato de
autêntica liberdade. Cada um, no exercício do livre arbítrio, estabelece a sua preferência,
atem-se aos valores perecíveis, “onde a traça e a ferrugem destroem e os
ladrões roubam ou junta tesouros no céu, que não serão destruídos” (Mt 6,
19-23). Renunciar a si mesmo não pode ser entendido como negar a própria
identidade ou a sua história, mas sim praticar o compromisso de viver em conformidade
com os desígnios do Criador, ciente de que não é fácil e tampouco ocorre como
um passo de mágica, mas é produto de longa comunhão, que compreende superar os
percalços do cotidiano.
Nesse contexto, Jesus muitas
vezes utiliza palavras duras para quem pretende acompanhá-lo e o que receberá
por essa escolha. À guisa de exemplo, menciona-se dois episódios. Ao esclarecer
ao jovem de posição que desejava saber o que deveria fazer para merecer a vida
eterna (Mt 19, 16-29; Mc 10,17-31; Lc 18,18-26), após reiterar que deveria
exercitar os mandamentos e vender os seus bens e dar o resultado para os pequenos,
foi questionado pelos apóstolos da dificuldade da salvação, e acrescentou: “O
que é impossível aos homens, é possível a Deus” (Lc 18, 27). Outro, ao ser
perguntado se são poucos os que se salvam, respondeu: “Procurai entrar pela
porta estreita; porque muitos procurarão entrar e não a encontrarão” (Lc 13,
23-24).
Com efeito, ao se examinar os dois casos, não se pode desconhecer
que a salvação é universal e destinada a todos, inclusive aos pagãos, desde que
aceitem realizar a vontade do Senhor. É natural aspirar que cada vez mais os
seus representantes sejam sem defeito: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai
celeste é perfeito” Mt 5,48. Jesus é a salvação e se coloca como a porta de seu
rebanho Jo 10,9, “Eu sou o porta. Quem entra por mim será salvo.” Ninguém pode
sentir-se excluído, como doutrina Pedro, “Ele não deseja que alguém se perca. Ao
contrário, quer que todos venham a converter-se” 2Pe 3,9. Celebremos a vinda do
Salvador!
Wilson Cesca é advogado e agente de pastoral na Paróquia Santa Rita
de Cássia, em Campinas-SP.
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