quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

WILSON CESCA

BEM-VINDO JESUS

Wilson Cesca

Ao rememorar a primeira vinda de Jesus, com imensa alegria, renasce para todos a esperança enraizada na Palavra de Deus. O Verbo se fez carne e habita entre nós. A Luz extinguiu as trevas, perdoou os pecados e revelou a sua intimidade com o Pai e tornou a todos os seus filhos. Como lembra João, o Pai nos deu um grande presente de amor: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! (1Jo 3,1). Leão Magno exortava: ”Cristão, reconhece a tua dignidade! Somos importantes porque Deus nos ama e nos elevou a uma altura que jamais poderíamos imaginar nem conquistar.” O Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido (Lc 19,10). 
Com efeito, a sua chegada abre a possibilidade para que nos tornemos puros e santos. Ele é o Senhor que purifica e faz viver aquele que confia nele, como fez ao curar o leproso, reintroduzindo-o no convívio social, o que equivale a devolver-lhe a vida (Mc 1,40-43). João esclarece o significado de ser cândido: “Todo o que espera nele purifica-se, como também ele é puro” (1Jo 3,3).
De fato, Jesus pode transformar a vida daquele que o busca. Contudo, essa adesão sem condições exige conversão e renúncias. Para tornar-se seu amigo é necessário fazer uma opção firme: afastar-se daquilo que se torna empecilho para o seu seguimento, mesmo que se trate de familiares (Lc 14, 25-26). Porém, isso não importa desprezar a quem se ama, ao contrário, o amor ao próximo deve estar em consonância com o amor a Deus. Um não viceja sem o outro, “Se alguém disser: “Amo a Deus” mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4, 20). 
É imperioso, ainda, tomar e carregar a cruz diária e renunciar à própria vida (Mt 10,38; Mc 8,34; Lc 9,23). A conversão a Jesus significa que se está sujeito à perseguições, escárnios e exclusões. Por isso, é imprescindível vigiar e rezar para não cair em tentação. 
Acompanhar Jesus constitui ato de autêntica liberdade. Cada um, no exercício do  livre arbítrio, estabelece a sua preferência, atem-se aos valores perecíveis, “onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões roubam ou junta tesouros no céu, que não serão destruídos” (Mt 6, 19-23). Renunciar a si mesmo não pode ser entendido como negar a própria identidade ou a sua história, mas sim praticar o compromisso de viver em conformidade com os desígnios do Criador, ciente de que não é fácil e tampouco ocorre como um passo de mágica, mas é produto de longa comunhão, que compreende superar os percalços do cotidiano. 
Nesse contexto, Jesus muitas vezes utiliza palavras duras para quem pretende acompanhá-lo e o que receberá por essa escolha. À guisa de exemplo, menciona-se dois episódios. Ao esclarecer ao jovem de posição que desejava saber o que deveria fazer para merecer a vida eterna (Mt 19, 16-29; Mc 10,17-31; Lc 18,18-26), após reiterar que deveria exercitar os mandamentos e vender os seus bens e dar o resultado para os pequenos, foi questionado pelos apóstolos da dificuldade da salvação, e acrescentou: “O que é impossível aos homens, é possível a Deus” (Lc 18, 27). Outro, ao ser perguntado se são poucos os que se salvam, respondeu: “Procurai entrar pela porta estreita; porque muitos procurarão entrar e não a encontrarão” (Lc 13, 23-24). 
Com efeito, ao se examinar os dois casos, não se pode desconhecer que a salvação é universal e destinada a todos, inclusive aos pagãos, desde que aceitem realizar a vontade do Senhor. É natural aspirar que cada vez mais os seus representantes sejam sem defeito: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” Mt 5,48. Jesus é a salvação e se coloca como a porta de seu rebanho Jo 10,9, “Eu sou o porta. Quem entra por mim será salvo.” Ninguém pode sentir-se excluído, como doutrina Pedro, “Ele não deseja que alguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham a converter-se” 2Pe 3,9. Celebremos a vinda do Salvador!

Wilson Cesca é advogado e agente de pastoral na Paróquia Santa Rita de Cássia, em Campinas-SP.




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