TRAGÉDIA CHAPECOENSE
Avião da LaMia fazia viagens com combustível no limite
Avião que caiu havia feito outras quatro viagens em que quase chegou ao destino no limite máximo de sua autonomia, sem fazer escala para reabastecimento
O avião da companhia aérea LaMia, que transportava a equipe de futebol do time Chapecoense e vários jornalistas brasileiros a Medellín, na Colômbia, havia feito outras quatro viagens em que quase chegou ao destino no limite máximo de sua autonomia sem reabastecimento, revelou o site especializado em tráfego aéreo Flight Radar. Todos esses voos foram feitos entre a Colômbia e a Bolívia.
Leia também: Áudio de avião da Lamia revela pane elétrica e falta de combustível
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Desde agosto, o modelo britânico Avro RJ85 percorreu o trajeto Medellín-Santa Cruz de la Sierra em três ocasiões e realizou outro voo no percurso Cochabamba-Medellín. Todas as viagens percorrem uma distância muito próxima à autonomia do avião, que segundo a fabricante é de no máximo 2.965 km – caso tenha tanques extras, a autonomia pode ser estendida em até 10%.
De acordo com as informações da Flight Radar, em 4 de novembro deste ano o avião sobrevoou de Medellín em direção a Santa Cruz de la Sierra sem abastecimentos, em uma viagem que durou 4 horas e 33 minutos. O percurso durou apenas 4 minutos a menos que o voo desta terça-feira, 29, que culminou na morte de 71 pessoas.
O mesmo trajeto foi repetido em outras duas ocasiões. Em 22 de agosto, o avião fez o percurso em 4 horas e 28 minutos e, em 29 de outubro, o voo durou 4 horas e 32 minutos. Um quarto voo entre Cochabamba e Medellín foi registrado em 28 de outubro, com duração de 4 horas e 27 minutos.
A distância de um voo entre Medellín e Santa Cruz de la Sierra é de 2.975 km, superando limite o recomendado pela fabricante do modelo Avro RJ85. Já a distância percorrida entre Cochabamba e Medellín é de 2.816 km.
O especialista em segurança de voo, Carlos Camacho, classificou a decisão do piloto boliviano Miguel Quiroga, que morreu no acidente, como “irresponsável” e condenou o histórico de voos da LaMia. “É inacreditável esse histórico de voos com mais de quatro horas de duração com esse tipo de aeronave. Isso mostra que o piloto foi irresponsável e viajou com a faca na boca”, disse Camacho ao jornal Diário Catarinense.
Funcionária alertou para a possibilidade de falta de combustível
As investigações acerca do acidente apontam que uma funcionária do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra alertou um representante da LaMia que a quantidade de combustível no avião que caiu poderia ser insuficiente para chegar em Medellín. Além disso, ela teria alertado também que, no caso de uma emergência, não haveria como pousar em outro aeroporto.
De acordo com o ex-tenente-coronel da FAB Jorge Barros, se o voo tivesse ocorrido no Brasil, ele não decolaria. “Um plano de voo em que o tempo voando é igual ao tempo de autonomia de combustível seria considerado um absurdo no Brasil. Ele não seria aceito”, disse Barros.
Em seu artigo no jornal Estado de S. Paulo, Barros destacou que a prática não seguiu normas internacionais, que estabelecem um mínimo de 30 minutos de combustível além do necessário para realizar uma viagem.
Apesar de ter feito voos próximos ao limite, o site Flight Radar indica que 83% dos 201 voos feitos pela LaMia neste ano não ultrapassaram a duração de 2 horas e 30 minutos. Outra exceção foi registrada em um voo que transportava a seleção argentina de futebol de Buenos Aires até Belo Horizonte. A viagem de ida, no dia 6 de novembro, durou 3 horas e 29 minutos, enquanto a volta, no dia 11 de novembro, durou 4 horas e 4 minutos.
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Desde agosto, o modelo britânico Avro RJ85 percorreu o trajeto Medellín-Santa Cruz de la Sierra em três ocasiões e realizou outro voo no percurso Cochabamba-Medellín. Todas as viagens percorrem uma distância muito próxima à autonomia do avião, que segundo a fabricante é de no máximo 2.965 km – caso tenha tanques extras, a autonomia pode ser estendida em até 10%.
De acordo com as informações da Flight Radar, em 4 de novembro deste ano o avião sobrevoou de Medellín em direção a Santa Cruz de la Sierra sem abastecimentos, em uma viagem que durou 4 horas e 33 minutos. O percurso durou apenas 4 minutos a menos que o voo desta terça-feira, 29, que culminou na morte de 71 pessoas.
O mesmo trajeto foi repetido em outras duas ocasiões. Em 22 de agosto, o avião fez o percurso em 4 horas e 28 minutos e, em 29 de outubro, o voo durou 4 horas e 32 minutos. Um quarto voo entre Cochabamba e Medellín foi registrado em 28 de outubro, com duração de 4 horas e 27 minutos.
A distância de um voo entre Medellín e Santa Cruz de la Sierra é de 2.975 km, superando limite o recomendado pela fabricante do modelo Avro RJ85. Já a distância percorrida entre Cochabamba e Medellín é de 2.816 km.
O especialista em segurança de voo, Carlos Camacho, classificou a decisão do piloto boliviano Miguel Quiroga, que morreu no acidente, como “irresponsável” e condenou o histórico de voos da LaMia. “É inacreditável esse histórico de voos com mais de quatro horas de duração com esse tipo de aeronave. Isso mostra que o piloto foi irresponsável e viajou com a faca na boca”, disse Camacho ao jornal Diário Catarinense.
Funcionária alertou para a possibilidade de falta de combustível
As investigações acerca do acidente apontam que uma funcionária do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra alertou um representante da LaMia que a quantidade de combustível no avião que caiu poderia ser insuficiente para chegar em Medellín. Além disso, ela teria alertado também que, no caso de uma emergência, não haveria como pousar em outro aeroporto.
De acordo com o ex-tenente-coronel da FAB Jorge Barros, se o voo tivesse ocorrido no Brasil, ele não decolaria. “Um plano de voo em que o tempo voando é igual ao tempo de autonomia de combustível seria considerado um absurdo no Brasil. Ele não seria aceito”, disse Barros.
Em seu artigo no jornal Estado de S. Paulo, Barros destacou que a prática não seguiu normas internacionais, que estabelecem um mínimo de 30 minutos de combustível além do necessário para realizar uma viagem.
Apesar de ter feito voos próximos ao limite, o site Flight Radar indica que 83% dos 201 voos feitos pela LaMia neste ano não ultrapassaram a duração de 2 horas e 30 minutos. Outra exceção foi registrada em um voo que transportava a seleção argentina de futebol de Buenos Aires até Belo Horizonte. A viagem de ida, no dia 6 de novembro, durou 3 horas e 29 minutos, enquanto a volta, no dia 11 de novembro, durou 4 horas e 4 minutos.
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