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Carta ao Papai Noel
Por Jackson Luís Arpini
23/12/2016 - 10:37:06
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Lapônia – Finlândia
Querido Papai Noel!
Você e os duendes devem estar muito ocupados se preparando para as festas, não? Aqui em Campo Pequeno, com asserção, estamos muito ansiosos. Este ano acredito ter me comportado bem. Foi um ano muito difícil, de muita labuta, conquistas, e, também, infelizmente, de alguns dissabores.
Sei que você está se organizando para atravessar continentes com seu trenó e suas velozes renas voadoras, sob a liderança de Rudolph – a rena do nariz vermelho. Sua missão de adentrar pela chaminé para presentear as crianças com bom comportamento vem, há séculos, encantando pequenos. Seus elfos mágicos, como de praxe, deixarão uma névoa de espiritualidade, solidariedade e fraternidade. Enfim, é Natal!
Percebo, e considerando que iniciou os trabalhos no século IV, nos campos da Turquia, que você está mais rechonchudo, sua barba cresceu, seu olhar está cansado, seus passos mais lentos e sua voz cada vez mais rouca. Mas, igualmente, observo que sua generosidade aumentou, creio que seja porque tem mantido, durante centenas de anos, contato muito próximo com as crianças – e os pequenos, são fonte inspiradora para revigorar suas energias o que o tornam, apesar da sua aparência centenária, um tenro velhinho.
Atualmente, meu caro Papai Noel, eu ando um pouco desapontado com certas coisas, principalmente com os milhões de reais desviados que aparecem nos noticiários todos os dias. Gostaria de aproveitar a sua vinda, e a chegada de mais um Natal, para fazer alguns pedidos. A lista é um pouco extensa, talvez, do tamanho da sua dádiva. Sou sabedor que alguns pedidos são fáceis, outros, nem tanto, mas confio que sua magnanimidade é vigorosa.
Gostaria que cada pessoa recebesse, como presente de Natal, uma caixinha, e que ao abri-la, num passe de mágica, como pó de pirlimpimpim (aquele da Fada Sininho), todos fossem agraciados com saúde e paz; que todas as crianças encontrem nos braços de seus pais amor, afeto, carinho e proteção; que os pequenos que flagelam por falta de alimento, possam ganhar peso pela generosidade do próximo; que os semelhantes sejam mais tolerantes, compreensivos e que o respeito e os valores éticos surjam com a alvorada de cada dia; que os menos favorecidos, que peregrinam pelas ruas, encontrem uma sociedade acolhedora.
Papai Noel, gostaria de fazer um agradecimento singular. Agradecer a coletividade pelo apoio dispendido no processo de reabertura do Banco de Sangue, o que possibilitou a manutenção da entidade com suas raízes em solo Alto Uruguai. Até agora, já foram realizadas mais de 700 coletas e fornecido aos hospitais, aproximadamente, 500 bolsas de sangue, todas com o intuito de ajudar a salvar vidas. Muito obrigado!
Também gostaria de fazer um pedido especial. Gostaria que a corrupção que inunda as instituições públicas e privadas, com imensa voracidade, cada vez mais atual, fosse banida e que os corruptos e corruptores respondam à luz da justiça pelos seus atos delituosos, e que a sociedade encontre nas instituições que operam no campo da integridade e austeridade, e no seio da própria coletividade, amparo para preservar, proteger e resguardar seus ideais de justiça, ética e moralidade.
Por fim, abusando da sua benevolência, gostaria de ganhar um protetor de ouvidos, porque, com sinceridade, não aguento mais ouvir notícias de desvio de tantos milhões de reais a cada delação premiada.
Vou utilizar se for agraciado com o pedido, o protetor para poupar meus sentidos de tantos subterfúgios: “não sei de nada”, “não o conheço, nunca me encontrei com ele, isso é coisa de delator”, “as contas de campanha foram devidamente aprovadas”, “as doações foram todas regulares”, “nunca recebi dinheiro de caixa dois”, “não tenho conta no exterior”, e assim por diante.
Um grande e afetuoso abraço!
Jackson Luis Arpini
Cirurgião-dentista
Querido Papai Noel!
Você e os duendes devem estar muito ocupados se preparando para as festas, não? Aqui em Campo Pequeno, com asserção, estamos muito ansiosos. Este ano acredito ter me comportado bem. Foi um ano muito difícil, de muita labuta, conquistas, e, também, infelizmente, de alguns dissabores.
Sei que você está se organizando para atravessar continentes com seu trenó e suas velozes renas voadoras, sob a liderança de Rudolph – a rena do nariz vermelho. Sua missão de adentrar pela chaminé para presentear as crianças com bom comportamento vem, há séculos, encantando pequenos. Seus elfos mágicos, como de praxe, deixarão uma névoa de espiritualidade, solidariedade e fraternidade. Enfim, é Natal!
Percebo, e considerando que iniciou os trabalhos no século IV, nos campos da Turquia, que você está mais rechonchudo, sua barba cresceu, seu olhar está cansado, seus passos mais lentos e sua voz cada vez mais rouca. Mas, igualmente, observo que sua generosidade aumentou, creio que seja porque tem mantido, durante centenas de anos, contato muito próximo com as crianças – e os pequenos, são fonte inspiradora para revigorar suas energias o que o tornam, apesar da sua aparência centenária, um tenro velhinho.
Atualmente, meu caro Papai Noel, eu ando um pouco desapontado com certas coisas, principalmente com os milhões de reais desviados que aparecem nos noticiários todos os dias. Gostaria de aproveitar a sua vinda, e a chegada de mais um Natal, para fazer alguns pedidos. A lista é um pouco extensa, talvez, do tamanho da sua dádiva. Sou sabedor que alguns pedidos são fáceis, outros, nem tanto, mas confio que sua magnanimidade é vigorosa.
Gostaria que cada pessoa recebesse, como presente de Natal, uma caixinha, e que ao abri-la, num passe de mágica, como pó de pirlimpimpim (aquele da Fada Sininho), todos fossem agraciados com saúde e paz; que todas as crianças encontrem nos braços de seus pais amor, afeto, carinho e proteção; que os pequenos que flagelam por falta de alimento, possam ganhar peso pela generosidade do próximo; que os semelhantes sejam mais tolerantes, compreensivos e que o respeito e os valores éticos surjam com a alvorada de cada dia; que os menos favorecidos, que peregrinam pelas ruas, encontrem uma sociedade acolhedora.
Papai Noel, gostaria de fazer um agradecimento singular. Agradecer a coletividade pelo apoio dispendido no processo de reabertura do Banco de Sangue, o que possibilitou a manutenção da entidade com suas raízes em solo Alto Uruguai. Até agora, já foram realizadas mais de 700 coletas e fornecido aos hospitais, aproximadamente, 500 bolsas de sangue, todas com o intuito de ajudar a salvar vidas. Muito obrigado!
Também gostaria de fazer um pedido especial. Gostaria que a corrupção que inunda as instituições públicas e privadas, com imensa voracidade, cada vez mais atual, fosse banida e que os corruptos e corruptores respondam à luz da justiça pelos seus atos delituosos, e que a sociedade encontre nas instituições que operam no campo da integridade e austeridade, e no seio da própria coletividade, amparo para preservar, proteger e resguardar seus ideais de justiça, ética e moralidade.
Por fim, abusando da sua benevolência, gostaria de ganhar um protetor de ouvidos, porque, com sinceridade, não aguento mais ouvir notícias de desvio de tantos milhões de reais a cada delação premiada.
Vou utilizar se for agraciado com o pedido, o protetor para poupar meus sentidos de tantos subterfúgios: “não sei de nada”, “não o conheço, nunca me encontrei com ele, isso é coisa de delator”, “as contas de campanha foram devidamente aprovadas”, “as doações foram todas regulares”, “nunca recebi dinheiro de caixa dois”, “não tenho conta no exterior”, e assim por diante.
Um grande e afetuoso abraço!
Jackson Luis Arpini
Cirurgião-dentista
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